
A miopia é um erro de refração caracterizado por apresentar uma potência dióptrica (D) negativa, de maneira que a imagem que vemos se forma num ponto antes do plano da retina, enquanto que na retina se forma uma imagem embaçada e difusa.
Em alusão ao fato de que os míopes costumam apertar os olhos para ver melhor de longe, a palavra miopia tem origem nos seguintes termos gregos:
my- que significa “fechar os olhos”, e
-opia, que significa “visão”
Quando aparece na infância, a miopia costuma aumentar entre 0,50 e 1,00 D por ano, até aos 17-20 anos, aproximadamente.
A imagem retiniana em um olho míope será de maior tamanho do que a que se formaria em um olho sem defeito refrativo (emétrope). É por isso que os míopes referem ver os objetos maiores do que eles realmente são, ao tempo em que quando se corrige a miopia com óculos de grau, eles podem notar a sensação de vê-los menores.
Os principais sintomas da miopia são:
- Dificuldade para ver de longe
- Fotofobia (sensibilidade à luz)
- Percepção de “moscas volantes” (miodesopsias)
- Percepção de pequenas distorções em linhas retas (metamorfopsias)
- Diminuição da visão noturna
A miopia pode ser congênita ou adquirida.
A miopia congênita afeta cerca de 1 a 2% da população e pode ser de caráter grave com grande afecção da acuidade visual, podendo aparecer em fetopatias como a toxoplasmose e a sífilis, em condições genéticas como albinismo e a Síndrome de Down, em bebês prematuros, dentre outras causas hereditárias. Cerca de 18% dos casos de miopia são hereditários e costumam ser detectados entre os 6 e os 20 anos de idade.
A miopia adquirida pode ser causada por:
Fatores ambientais: como escolarização, moradia em zonas urbanas, muito trabalho em visão de perto, muito uso de celular ou computador, pondo em jogo a acomodação e a convergência ocular.
Patologias oculares: cujo aumento da potência dióptrica da córnea pode ser provocado por ceratocone ou pelo aumento do índice de refração do cristalino devido a catarata, por exemplo.
Patologias sistêmicas: é muito comum encontrar flutuações na refração (de 1,00 a 2,00 D) em pacientes diabéticos, relacionadas com o controle metabólico e cujo mecanismo é uma modificação do índice de refração dos meios refringentes do olho.
Intervenções cirúrgicas: por exemplo, a colocação de uma cerclagem na cirurgia clássica de descolamento de retina pode provocar miopia por alargamento da longitude axial do globo ocular.
Fármacos: como os agonistas colinérgicos (que estimulam a acomodação), antibióticos do grupo sulfa (sulfamidas) ou os psicofármacos.
A miopia pode ser:
- Baixa: menor de 4,00 D.
- Moderada: entre 4,25 e 8,00 D
- Elevada: maior de 8,25 D
Do ponto de vista clínico, a miopia pode ser classificada em miopia simples ou progressiva.
Miopia simples: são as miopias baixas, inferiores a 6,00 D que não são acompanhadas de lesões a nível ocular. Tanto os componentes ópticos como o comprimento do globo ocular isoladamente se encontram dentro dos limites normais. Também se denomina como miopia desenvolvimento ou miopia fisiológica.
Miopia progressiva: são as miopias elevadas (costumam ser maiores de 6,00 D) e progressivas, acompanhadas de lesões oculares. Representam aproximadamente 10% de todas as miopias. A miopia progressiva costuma aumentar rapidamente (4,00 D por ano), e se associa com opacidades vítreas e alterações coriorretinianas.
O tratamento da miopia se dá pode meio de óculos com lentes esféricas negativas ou com adições para perto (para diminuir a demanda acomodativa) lentes de contato hidrofílicas, e por meio de terapia visual ou ortoqueratologia para controle e redução da miopia.
Ao optar por lentes de contato, é frequente que os míopes indiquem que vêm os objetos maiores do que com os seus óculos. É porque o aumento da imagem no plano da retina permite um aumento da acuidade visual, especialmente em miopias elevadas.
Wellington Sales Silva O.D. MSc.